Demência. Desistir? NUNCA!

Apesar da diminuição dos ritmos e da confusão espácio-temporal, as pessoas com demência podem experimentar uma vivência corporal em que o gesto e o movimento se constituem como informação imediata. As emoções estão presentes numa pessoa com esta doença neurodegenerativa até ao último estádio de evolução da mesma. Por essa razão, o trabalho de intervenção do Psicomotricista nas demências desenvolve-se essencialmente ao nível da expressão de sentimentos que surgem numa relação, o que possibilita uma melhor compreensão do comportamento da pessoa, cujos sintomas, são a via privilegiada de comunicação com o mundo.

Em termos reabilitativos, a intervenção psicomotora permite recuperar o prazer pelo movimento, melhorar os movimentos reflexos e automáticos e o modelo postural relacionado com a expressão emocional e o foco da atenção. Utiliza a atenção para melhorar a função visuo-motora, visuo-espacial e a função executiva. Favorece experiências relacionais positivas e potencia uma maior autonomia. Os seus maiores benefícios ocorrem de forma geral, ao nível do comportamento e do humor.

O mundo interior de uma pessoa com demência, pouco visível e compreensível por vezes é certo, mas existente e muitas vezes bastante doloroso, é uma dimensão a cuidar e a atender sempre. Qualquer que seja a fase da doença em que a pessoa se encontre devemos procurar uma forma de conceder-lhe uma melhor qualidade de vida no dia-a-dia. A forma como se olha para esse mundo desconhecido faz a diferença.