Como ajudar uma criança tímida e insegura?

O seu filho é inseguro? Isso impede-o de fazer imensas coisas como conhecer os coleguinhas na escola ou experimentar jogos novos? Já lhe perguntou sobre isso e ele tentou evitar?

O importante inicialmente é tentar perceber se há algum problema específico porque uma criança ou é tímida, ou não o é. Timidez é um sentimento de insegurança ou de vergonha de si mesmo por isso é frequente que uma criança tímida seja também insegura.

Já a insegurança, é um sentimento de mal-estar, nervosismo, vulnerabilidade ou instabilidade que ameaça a criança constantemente. Estes sentimentos podem desencadear na criança, alterações no comportamento motor, afetivo, na alimentação, alterações no sono, menor produtividade escolar e dificuldades de expressão oral.

A timidez, sendo mais frequente em crianças inseguras, também é mais frequente naquelas cujos pais maltratam, humilham ou desvalorizam. Por isso, enquanto pais, devemos procurar desenvolver a auto-estima e auto-confiança da criança, e não o contrário.

Outra situação frequente que fomenta a insegurança, a consideração própria de ser inferior aos outros, de serem menos amigáveis ou mais passivos é a comparação com os irmãos ou coleguinhas. Devemos ter sempre em conta que cada criança é diferente, tem o seu ritmo e esse deve ser respeitado, independentemente do irmão ter aprendido aquilo mais cedo ou de ser mais extrovertido.

Lembre-se, a timidez deve-se a vários fatores (predisposição genética, fatores ambientais, educação, fatores emocionais) mas o maior peso é o modelo que a criança recebe. Se os pais são tímidos e não souberem lidar com as situações sociais, naturalmente estão a influenciar a criança nessa aprendizagem.

Também em idades muito pequenas é mais natural que situações sociais novas sejam mais assustadoras, principalmente idades até 5 ou 6 anos, em que o seu círculo de contactos é essencialmente familiar. Sair desse círculo é assustador para a criança!

Por isso, ficam algumas dicas que podem orientar-vos a ajudar o vosso filho a desenvolver as capacidades sociais necessárias para diminuir a insegurança e as dificuldades advindas da timidez:

– Ensine a iniciar uma conversa ou entrar num jogo de grupo: pode usar a dramatização para exemplificar. Assim, quando ele for para a situação real vai ser muito mais fácil;

– Estabeleça períodos diários de brincadeira (10, 15 ou 20 minutos dependendo da sua disponibilidade) e opte por brinquedos pouco estruturados (ex: legos, desenho) que apelam à colaboração e interação, partilha e esperar pela sua vez. Elogie sempre que veja a criança adotar esses comportamentos;

– Ajude-o a aprender a falar com os amigos: ex: com fantoches exemplifique as apresentações sociais, o saber ouvir, o saber esperar para responder, o tentar perceber o sentimento do outro;

– Convide os amiguinhos lá para casa: planeie atividades de colaboração como montar algo, fazer uma experiência ou jogar futebol. Supervisione as brincadeiras e elogie as competências da criança nesses encontros;

– Ensine a resolver conflitos, pensar nas opções e na melhor a escolher mediante o que a criança e os outros podem sentir e pensar;

– Ensine auto-diálogo positivo. Por exemplo, se vê um pedido de brincadeira recusado por um colega, pode pensar “eu sei lidar com isto, não tem problema, procuro outro amigo para brincar”.

 

Se tiver dificuldade em aplicar estas estratégias ou vê que a problemática já é demasiado impactante no seu filho e não está a conseguir ajudá-lo, procure ajuda de um psicólogo que o vai orientar e dar estratégias mais adaptadas ao seu filho e a si também, mediante as suas dificuldades específicas.

 

 

Drª Vanessa Carvalho – Neuropsicóloga Clínica