Quais são as diferentes perturbações de ansiedade?

Os sintomas de ansiedade incluem manifestações físicas (tremor, falta de ar, enjoos, tonturas, aperto na garganta, palpitações, entre outras), emocionais (medo intenso, sentimento de que algo de mal está para a acontecer, angústia) e mentais (preocupação excessiva, tendência a pensar nos piores cenários possíveis, dúvida constante, entre outras). Apesar de as várias perturbações de ansiedade se poderem manifestar com sintomas semelhantes, cada uma delas tem as suas particularidades, pelo que é importante distingui-las. A melhor forma de o fazer é respondendo à questão “O que origina os sintomas de ansiedade em cada uma das perturbações?”:

• Perturbação de pânico: um ataque de pânico é um episódio súbito, espontâneo, de duração limitada (geralmente 20-30 minutos), de sintomas ansiosos de intensidade extrema. O que define a perturbação de pânico é o medo da ocorrência de novos ataques de pânico ou das possíveis consequências dos mesmos – habitualmente, a pessoa tem medo de morrer ou de ter alguma doença grave (como um ataque cardíaco), de perder o controlo ou de “ficar maluca” devido aos ataques de pânico. Estes medos fazem parte da própria doença, e não são reais.
• Agorafobia: na agorafobia, existe um medo intenso de duas ou mais das seguintes situações: usar transportes públicos, estar sozinho fora de casa, permanecer em espaços abertos, permanecer em espaços fechados ou esperar em filas ou em multidões. A pessoa teme que, nestas situações, não consiga fugir ou escapar ou que não consiga obter ajuda caso algo de mal lhe aconteça. A agorafobia surge, na maioria dos casos, juntamente com a perturbação de pânico.
• Fobia específica: nas fobias específicas, o que despoleta os sintomas de ansiedade são situações ou objetos muito específicos (por exemplo, voar, alturas, injeções, sangue, certos animais, etc). São mais frequentes na infância.
• Fobia social: na fobia social, e tal como o nome indica, o que despoleta os sintomas de ansiedade são as situações sociais. A pessoa teme ser escrutinada pelos outros, preocupando-se com a impressão que deixa neles e com a opinião que terão sobre si. Situações sociais típicas incluem conhecer pessoas novas, falar em público, ser observado a comer ou desempenhar uma tarefa em público.
• Ansiedade de separação: esta é uma forma de perturbação praticamente exclusiva da infância. Crianças com ansiedade de separação mostram sinais de ansiedade intensa quando são separadas dos cuidadores principais, por exemplo quando são deixadas no infantário, na escola, na casa de outros familiares.
• Perturbação de ansiedade generalizada: por último, surge a perturbação de ansiedade generalizada, cuja ansiedade é despoletada por vários assuntos do quotidiano, ao invés de algo específico, como nas perturbações de ansiedade anteriores. Pessoas com esta forma de ansiedade queixam-se de uma tendência crónica para se preocuparam de forma excessiva com vários assuntos (escola, trabalho, saúde, finanças, etc.), apresentando dificuldade em relaxar, mesmo quando podem. Este estado de preocupação constante pode provocar problemas de memória e de sono, assim como exaustão física.

Além destas perturbações de ansiedade, oficialmente reconhecidas pela Associação Americana de Psiquiatria, podemos considerar a hipocondria (medo de ter uma doença grave), a perturbação obsessivo-compulsiva (ansiedade associada a obsessões e compulsões) e a perturbação de stress pós-traumático (ansiedade associada a um evento com potencial traumático, como um acidente de viação ou uma violação).

A ocorrência de características de várias perturbações de ansiedade na mesma pessoa, ao mesmo tempo ou em tempos diferentes, é a regra mais do que a exceção, o que pode trazer dificuldades no diagnóstico. Se tem ou suspeita ter uma perturbação de ansiedade, peça ajuda profissional – um correto diagnóstico é o primeiro passo para a recuperação!

Dr. Fábio Monteiro, Psiquiatra