Mutismo Seletivo: Quando o silêncio vira um problema!

O Mutismo Seletivo é uma perturbação ansiosa em que existe uma incapacidade persistente para falar em determinados contextos sociais em que é esperado que a criança fale, embora a criança fale noutros contextos. O quadro típico é aquele em que a criança na escola não fala com a professora, colegas, funcionários, mas em casa fala com os pais, irmãos e pessoas do seu núcleo familiar próximo.

Esta perturbação apresenta uma prevalência de cerca de 2% e parece ser mais frequente em crianças do sexo feminino. Associa-se características temperamentais como timidez, vergonha, inibição e evitamento de situações desconhecidas, e, segundo alguns autores, pode ser precursora de uma Perturbação de Ansiedade Social (perturbação em que o indivíduo apresenta uma ansiedade marcada numa ou mais situações sociais em que está exposto ao possível escrutínio/avaliação dos outros, por exemplo, quando conversa com alguém desconhecido, quando é observado a comer ou beber ou quando tem de falar em público).

Apesar dos sintomas poderem existir desde a idade pré-escolar, o diagnóstico habitualmente só é realizado com a entrada para a escola primária, muitas vezes, devido ao facto de se achar que é apenas uma questão de timidez e de adaptação a novos contextos. Contudo, esta perturbação apresenta um impacto considerável no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança, sendo importante o seu diagnóstico e intervenção precoces.

O tratamento desta perturbação consiste numa abordagem psicoterapêutica que envolve a criança, a família e escola/infantário, podendo ser necessário o recurso a fármacos (inibidores seletivos da recaptação de serotonina).

 

Recomendações

Se é pai de uma criança com Mutismo Seletivo:

-Procure ajuda numa consulta de Psiquiatria da Infância e da Adolescência;

-Não castigue, force ou obrigue o seu filho a falar; isso só o deixará mais ansioso;

-Tenha diariamente um tempo especial com o seu filho, para que ele possa partilhar as suas dificuldades diárias e ajude-o a encontrar soluções alternativas;

-Uma boa comunicação entre os pais e a escola é essencial para que o seu filho sinta a escola como um lugar seguro e acolhedor. Procure manter um contacto próximo com o professor do seu filho de forma a ter conhecimento das suas dificuldades e colaborar na sua resolução;

-Procure ser pontual quando leva o seu filho à escola, ou até mesmo chegar um pouco mais cedo; pode ser mais fácil para ele chegar quando a escola está mais vazia;

-As situações novas podem ser geradores de muita ansiedade; se possível, avise o seu filho previamente das alterações previstas à sua rotina;

-Se o seu filho evitar sempre as situações que é esperado falar, estas parecerão ainda mais ameaçadores. A um ritmo adequado ao do seu filho, promova a sua participação em diversas situações: quando for convidado para uma festa, leve-o durante algum tempo no início da festa (será mais fácil do que chegar quando já estiver muita gente presente e melhor do que simplesmente não ir); no restaurante, diga-lhe que mostre ao empregado o que deseja, apontando no menu e posteriormente, incentive-o a fazer o pedido de forma verbal; se o seu filho tem um amigo preferencial na escola, promova encontros fora do período escolar, inicialmente de curta duração e em sua casa, e, quando ele estiver mais à vontade, proponha que estes ocorram em casa do amigo.