Dia Mundial do Combate ao Bullying

BULLYING

1. O que é?
O bullying é um fenómeno de saúde pública complexo, com impacto mundial,
que tem ganho maior visibilidade e importância nas últimas décadas. Implica uma
forma de agressão repetitiva, continuada e intencional entre pares que tem por
objetivo causar mal-estar e sofrimento, humilhar e controlar a vítima. Pressupõe a
existência de um desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor, encontrando-se a
vítima numa posição de vulnerabilidade e de fragilidade.
O bullying pode assumir várias formas de agressão:
 As que envolvem comportamentos que implicam o contacto ou
confrontação direta com a vítima (como por exemplo, a agressão física,
sexual e verbal);
 As que não implicam o contacto ou confrontação direta com a vítima
(agressão social, relacional, tentativas de exclusão/isolamento social e o
cyberbullying).
Embora exista alguma discrepância em relação à prevalência deste fenómeno,
relacionada com diferenças na definição e metodologia dos estudos, estima-se que
30% das crianças em idade escolar sofra com esta situação. De acordo com a APAV
(estudo de 2013), cerca de 27% dos inquiridos foi vítima ou conhece alguém que foi
vítima de bullying e aproximadamente 2% foi vítima ou conhece alguém que foi vítima
de cyberbullying.
O contexto escolar é o local onde estas situações de bullying ocorrem com
maior frequência e a aparência física e orientação sexual são aspetos usados de forma
frequente como alvos para estes comportamentos. As crianças e jovens do género
masculino possuem maior probabilidade de serem vítimas de bullying físico, verbal e
cyberbullying, enquanto as jovens apresentam maior probabilidade de serem alvo de
comportamentos de bullying de natureza social e relacional.

2. Impacto negativo do bullying
O impacto do bullying na vítima pode ser muito variável, condicionado por
características relacionadas com os atos agressivos sofridos, com fatores individuais da
vítima e com a sua rede de apoio.
Embora sejam pouco específicos, alguns sintomas podem surgir de forma
aguda numa criança vítima de bullying:
 Lesões físicas (feridas, hematomas), danos dos objetos pessoais e/ou
material escolar que a criança não consegue explicar de forma consistente;                                                                           Queixas de sintomas somáticos (queixas de dores de cabeça, dores de
barriga…) que não apresentam uma explicação orgânica e que
frequentemente se associam à frequência escolar;
 Receio, desconforto e recusa em frequentar a escola;
 Diminuição do rendimento escolar e da assiduidade;
 Alterações do sono e alimentação;
 Alteração do humor, do interesse pela escola e pelas relações sociais.
Mas existem também efeitos a longo prazo que, de acordo com os estudos, não
afetam apenas as vítimas, mas também os agressores. Existe maior risco de sintomas
ansiosos e depressivos, maiores dificuldades escolares com abandono escolar precoce
e maior probabilidade de consumo de álcool e estupefacientes.

3. Deteção e intervenção precoces
Por ser um contexto comum de vitimação, a escola e a comunidade escolar têm
um papel importante na identificação, prevenção e intervenção no bullying.
No que diz respeito à prevenção, existem programas de prevenção/intervenção
escolar que têm por objetivo sensibilizar os alunos, suas famílias e comunidade escolar
para este assunto, aumentar a vigilância e atenção perante estas situações, assim
como, definir consequências negativas para os agressores.
Perante a existência de episódios de bullying é fundamental dar conhecimento
deste episódios aos Professores, Diretor de Turma, e se necessário, Psicólogo Escolar e
à Direção da Escola, para que possam ser tomadas diligências. Existe também a
possibilidade de ser dado conhecimento da situação às autoridades policiais.

Bibliografia:
a) Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: www.apavparajovens.pt
b) Leal, Dora. (2015), Manual de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Avaliação,
Compreensão e Intervenção (Volume 1). Coisas de Ler.
c) Rettew DC, Pawlowski S. Bullying, Child Adolesc Psychiatric Clin N Am, 2016.

 

Dr.ª Patrícia Magalhães, Pedopsiquiatria